O Plano Safra é uma das principais políticas públicas brasileiras voltadas ao fortalecimento da agricultura e pecuária. Lançado anualmente pelo Governo Federal, o programa disponibiliza recursos financeiros para custeio, investimento e comercialização da produção agropecuária. Sua relevância é indiscutível tanto para os produtores rurais quanto para os engenheiros agrônomos, figuras essenciais na aplicação técnica e estratégica dos recursos no campo.

BENEFÍCIOS PARA OS PRODUTORES RURAIS
1. Acesso ao crédito subsidiado: permite ao produtor financiar a compra de sementes, fertilizantes, maquinário, ração, defensivos e outros insumos essenciais à atividade produtiva.
2. Segurança na produção: com o apoio de programas como o Proagro e o seguro rural, os produtores conseguem mitigar riscos climáticos e de mercado.
3. Modernização e produtividade: os recursos de investimento possibilitam melhorias na infraestrutura, na irrigação, no armazenamento e na mecanização, aumentando a eficiência produtiva.
4. Estímulo à sustentabilidade: linhas de crédito específicas para práticas agroecológicas, recuperação ambiental e produção orgânica têm incentivado uma transição mais verde no campo.
5. Inclusão social e fortalecimento da agricultura familiar: especialmente por meio do PRONAF, o Plano Safra garante acesso ao crédito a pequenos produtores, cooperativas e povos tradicionais.

IMPORTÂNCIA PARA OS ENGENHEIROS AGRÔNOMOS
O Plano Safra também representa uma oportunidade estratégica para os engenheiros agrônomos, que desempenham papel fundamental como agentes técnicos, consultores e facilitadores de políticas públicas no meio rural:
1. Demanda por assistência técnica qualificada: com mais recursos disponíveis, cresce a procura por elaboração de projetos de crédito rural, acompanhamento técnico-financeiro e orientação na aplicação correta dos investimentos.
2. Valorização profissional: os programas exigem a presença de profissionais habilitados para validar planos de manejo, projetos de irrigação, práticas sustentáveis e uso racional de insumos.
3. Atuação nas políticas públicas: o agrônomo é protagonista na implementação do ZARC (Zoneamento Agrícola de Risco Climático), no monitoramento ambiental e em programas como o RenovAgro e Pronara.
4. Inovação tecnológica: o crédito para agricultura de precisão, biotecnologia, drones, sensores e softwares abrem espaço para agrônomos atuarem com inovação, pesquisa e extensão rural.
5. Promoção da agricultura sustentável: como articuladores entre ciência e prática, os agrônomos têm papel-chave na transição para modelos mais sustentáveis e resilientes, atendendo às novas exigências ambientais e de mercado.

PRINCIPAIS MUDANÇAS DO PLANO SAFRA 2024/2025 PARA 2025/2026
A edição 2025/2026 trouxe avanços e ajustes relevantes em relação ao ciclo anterior. Veja os principais:
1. Aumento dos recursos disponíveis
• Agricultura empresarial: R$ 516,2 bilhões (alta de R$ 8 bilhões sobre 2024/25).
• Total geral (incluindo agricultura familiar): R$ 594,4 bilhões.
2. Juros mais altos
• Agricultura empresarial: até 14% a.a. (custeio); até 13,5% a.a. (investimento).
• Agricultura familiar: de 2% a 8% a.a., dependendo da linha.
3. Sustentabilidade como eixo central
• ZARC obrigatório para operações acima de R$ 200 mil.
• Ampliação do financiamento de práticas agroecológicas, reflorestamento e combate a incêndios.
• Novos critérios ESG exigem assistência técnica qualificada — abrindo espaço para atuação dos agrônomos.
4. Renovação e modernização
• PCA (armazenagem): limite por projeto passou de 6 mil para 12 mil toneladas.
• Unificação dos programas Moderagro e Inovagro.
• Financiamento antecipado de rações e medicamentos (180 dias antes do contrato).
• Maior apoio à irrigação, conectividade e sanidade.
5. Expansão da agricultura familiar
• R$ 89 bilhões destinados ao PRONAF.
• Juros fixos de 2% a 3% para alimentos da cesta básica e produção agroecológica.
• Novas linhas para aquisição de máquinas: até R$ 250 mil com taxas reduzidas.
• Lançamento do Pronara, voltado à redução de agrotóxicos e fomento de bioinsumos.
6. BNDES e mercado como fontes adicionais
• BNDES: R$ 70 bilhões ao setor agro (R$ 13,4 bi para agricultura familiar).
• LCAs: exigibilidade aumentada de 50% para 60%, mobilizando até R$ 64 bilhões adicionais.

CONCLUSÃO
O Plano Safra 2025/2026 reafirma seu papel como instrumento estratégico para o desenvolvimento do agronegócio e da agricultura familiar, mesmo com os desafios de juros mais altos e redução de subsídios. Além de apoiar diretamente os produtores rurais, o programa impulsiona a atuação dos engenheiros agrônomos, que têm função essencial na execução técnica, ambiental e sustentável dos projetos financiados.
Com isso, o Plano Safra não é apenas um programa de crédito, mas uma ferramenta de transformação no campo, unindo produção, conhecimento técnico e responsabilidade ambiental.

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***Artigo escrito por Wictor Nazareno Landarin, associado e membro do Conselho Fiscal da AEAPR-Curitiba. Formado pela Universidade Federal em 2018, possui pós-graduação em Georreferenciamento de Imóveis Rurais e Urbanos. Iniciou sua especialização em Crédito Rural em 2020, atuando em empresa de assistência técnica. Em 2022, exerceu a função de Gerente de Carteira Agro em cooperativa de crédito, com foco em linhas do BNDES. Desde 2024, atua como Analista de Crédito Rural, realizando avaliações conforme as normas do MCR para liberação de recursos a produtores rurais, com ênfase em operações com recursos governamentais.