Mercados da soja, milho, trigo e feijão

22/04/2024 Robson Mafioletti

A safra brasileira 2023/24 de soja, milho, trigo e feijão responde por cerca de 90% da safra total brasileira, que é estimada em 294,1 milhões de toneladas. Isso segundo o 70 levantamento da Conab de abril de 2024. Essa safra é 9% menor que a safra 2022/23. No Paraná, a safra 2023/24 está estimada em 40,0 milhões de t. (-13%), na comparação as 46,0 milhões de t, na safra anterior.

Na safra 2022/23, o Brasil colheu a maior safra da história chegando a 319,8 milhões de toneladas. A safra atual foi afetada nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e parte do Sul do Brasil pelo fenômeno climático “el nino”. Ele elevou a temperatura em relação a média histórica em cerca de 1,50 graus celsius no oceano pacífico na altura do Equador. Isso afetou negativamente a safra brasileira e paranaense. Este ano o “el nino” trouxe efeitos um pouco diferentes na safra com relação ao histórico do fenômeno climático, que historicamente resultava em safra cheia no Sul, sudeste e boa parte do Centro Oeste e afetava severamente a região do MATOPIBA – Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. E nesta última região a safra foi cheia. A grande decepção foi com relação a safra do Paraná, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso.

No entanto, essa redução da safra no Brasil e Paraguai foi mais que compensada pelo aumento da safra na Argentina e em outras partes do mundo, o que acarretou preços entre 12% e 24% menores a igual período do ano anterior, conforme quadro abaixo.

Se tivéssemos feito essa comparação há 30 dias estes preços estariam cerca de 25 a 30% menores. Dado que, neste período ocorreu uma desvalorização do real frente ao dólar, em média saindo de R$ 4,90/US$ 1,00 para no último dia 19/04 chegar em R$ 5,23/US$ 1,00, o que amenizou a queda dos preços das commodities para os produtores brasileiros.



Por fim, a safra na América do Sul está definida e sem influência significativa nos preços neste momento. Dessa forma, com o início do plantio no hemisfério norte em meados de abril, com destaque para o plantio nos Estados Unidos, vamos acompanhar até inicio de junho o plantio do milho e soja e depois o desenvolvimento das lavouras até final de agosto. Do lado da oferta esta é a chance de alguma movimentação para cima dos preços, obviamente junto ao câmbio no Brasil. Do lado da demanda é torcer para que a necessidade da Ásia, com destaque para a China, continue aquecida e com grandes volumes importados.

Enfim, sobre safra, preços e mercados temos que acompanhar e monitorar diariamente e com muita tranquilidade, dado a globalização de oferta e demanda ocorrida de forma mais acelerada nos últimos 25 anos.

*Robson Mafioletti – Eng. Agrônomo – UFPR, Especialista em Agribusiness – FAE, Finanças Corporativas – UFPR e MSc. Economia Aplicada – ESALQ/USP, Superintendente da OCEPAR e Diretor da AEAPR/Ctba.